domingo, outubro 06, 2024
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Inovação na era do imprevisível

 

Neste verão, um dos livros que li foi “A era do imprevisível” (The age of the unthinkable) de Joshua Cooper Ramo da coleção “New York Times bestseller”. Um livro inovador, provocante e perturbador, que abre horizontes (está-se sempre a aprender…), que trata essencialmente de geoestratégia (ajuda talvez a explicar a mudança para a nova política externa americana de “détente”) mas deveria ser lido por pessoas tão diversas como banqueiros, investidores, gestores de empresas, jornalistas, pessoas do marketing ou dos recursos humanos.
Começa por analisar sistemas complexos não lineares como o monte de areia de Per Bak, onde se estuda o momento em que um monte de areia se desmorona quando se acrescenta um grão de cada vez. Os grandes sistemas, escreve, tendem para um estado “crítico” estabilizado, longe do equilíbrio. Passa desse facto para a análise da nova (des) ordem mundial, onde a mudança é constante e é determinante estar atento, ver o contexto global provocado por milhentas pequenas alterações, que acabam por provocar um facto relevante mais tarde (o desmoronamento do monte de areia) e diz-nos como estar minimamente preparados (leiam o livro!).
Dá-nos exemplos com o do investidor Bill Browder quando viu uma pequena notícia no seu jornal. Pela primeira vez, um leilão da dívida americana não conseguiu tirar licitantes suficientes e teve de ser encerrado. Browder reconheceu este evento aparentemente insignificante (o grão de areia) como o que realmente era : o mundo tinha chegado ao fim da sua capacidade de absorver novas dívidas. E anunciou a crise das dívidas soberanas meses antes de acontecer.

Mas, passando à inovação, diz-nos também que os asiáticos vêm melhor o contexto que os ocidentais, estando melhor preparados para a inovação. Não é tanto ver melhor, só que o veem de forma diferente e tomam em conta um leque mais amplo de influência e possibilidade. Dá-nos o exemplo da Universidade de Michigan, onde o psicólogo experimental Richard Nisbett recrutou estudantes para olhar para uma série de fotos com fundos complexos - por exemplo, um tigre na floresta. Enquanto os estudantes americanos se focavam no objeto em primeiro plano - o tigre - os estudantes chineses olhavam primeiro para o fundo, sondando a floresta com os olhos verificando o ambiente em detrimento de qualquer objeto único ou individual. O contexto era tudo.
Cooper Ramo fala-nos do sucesso do investidor Moritz, que apostou no Google, You Tube ou Pay Pal com imenso sucesso, mas a minha estória preferida é de Miyamoto, que, quando as consolas de jogos, como a Sony ou a Microsoft, iam atrás das modas de então e apostavam em inovações caríssimas como novos processadores gráficos de elevada qualidade e desempenho, ele pensou fora da caixa e juntou duas tecnologias já existentes: um acelerómetro a um jogo de vídeo e criou algo revolucionário, que ultrapassou os dois colossos com algo muito mais “rudimentar” e mais barato: a Nintendo Wii, alargando os jogos a mais pessoas do que as que até aí existiam (comos a sua própria esposa…).

Um livro a não perder!

Link da análise do livro no New York Times